Um dos mais célebres comentaristas de futebol entre aqueles com
origem dentro de campo está de volta à televisão. O campeão mundial
Roberto Rivellino retomou as atividades na opinião esportiva após um
hiato de dez anos, com a estreia como integrante fixo do Cartão Verde da TV Cultura na noite da última terça-feira.
Famoso pela dobradinha com Luciano do Valle na Bandeirantes ao longo
da década de 90, Rivellino disse que volta à TV reconhecendo o trabalho
de nomes de Globo/Sportv como os destaques da função nos últimos anos.
O
ídolo de Corinthians e Fluminense ainda apresentou em sua noite de
estreia uma inusitada defesa da arbitragem, classe massacrada pela
crônica esportiva particularmente neste Brasileiro de 2012, semana após
semana, em razão de sucessivos erros graves em partidas da competição.
“Coitados dos árbitros hoje. Antigamente tinha uma câmera. Hoje no
futebol você não pode fazer nada. E os árbitros, coitados, é aquela
fração de segundo, e a gente critica. Aí o comentarista que está fazendo
o jogo fala: ‘esse ângulo não é bom, põe outro ângulo, não deu para
ver’. O errar faz parte. Eles estão muito expostos neste aspecto. Você
tem várias câmeras, e o árbitro não tem essa visão. E ele tem que
decidir”, disse Rivellino ao UOL Esporte nos bastidores, em opinião reproduzida também ao vivo no programa.
“Hoje acontece uma coisa, e aí você espera uma semana para resolver,
para você julgar. Isso não existe. O que o árbitro faz lá? Então põe uma
câmera, porque o juiz nem autoridade tem mais”, concluiu o ex-jogador,
que se diz um defensor da malandragem como recurso de jogo.
A reportagem do UOL conversou com Rivellino ao acompanhar a estreia do ídolo, nos bastidores do Cartão Verde,
na sede da TV Cultura em São Paulo. Antes do programa o titular da
seleção campeã do mundo em 1970 foi tietado pela apresentadora do Jornal da Cultura,
Maria Cristina Poli, e respondeu perguntas de como vê o trabalho de
comentarista praticado hoje em dia, com poucos desempenhos dignos de
menção, em sua visão.
“Eu gosto muito do Casão (Casagrande), da maneira como ele foca o
jogo, como ele enxerga o jogo. O (Maurício) Noriega também é uma pessoa
que eu tenho um carinho. Ele vê o jogo de uma maneira legal, parece que a
gente está vendo a mesma coisa. Tem o Caio (Ribeiro) hoje, um garoto
que está muito bem, tem um foco muito legal. Mas são poucos. Você não
tem tantos comentando bem”, opina o novo integrante do Cartão Verde.
Rivellino também discorreu sobre sua formação na TV, em processo que
diz ter contado com intervenção decisiva de Luciano do Valle. Também
cita o comentarista Juarez Soares, o apresentador Elia Júnior, o
falecido repórter Ely Coimbra e a estrela José Luiz Datena como
profissionais que ajudaram em seu desenvolvimento na telinha.
NO AR, RIVA DIZ QUE NEYMAR JOGARIA NA SELEÇÃO DE 70
Além da defesa da arbitragem Rivellino pontuou sua estreia no Cartão Verde
com opiniões de algum risco, descartando o conforto de “cima do muro”,
como por exemplo ao dizer que Muricy Ramalho e Abel Braga são hoje os
técnicos mais adequados para dirigir a seleção brasileira, apesar de
reconhecer que o tempo não é de mudanças.
No debate com os jornalistas Vladir Lemos, Vitor Birner e Celso
Unzelte, Rivellino ainda lamentou o que entende ser uma safra ruim do
futebol brasileiro, com a exceção única de Neymar. O campeão do mundo
disse que o craque santista tem mostrado ser bom o suficiente a ponto de
ser hipoteticamente encaixado na decantada seleção do tri de 1970.
“No meu lugar, não”, disse em tom descontraído sobre a escalação de
Neymar na equipe que tinha Pelé como camisa 10. “Teria lugar, poderia
ser útil para a seleção de 70″, acrescentou.
O Cartão Verde completa 20 anos em março do próximo ano e
fecha 2012 preenchendo a lacuna deixada pela morte de Sócrates há 11
meses. A equipe do programa debateu alguns nomes para a posição de
origem boleira da “mesa redonda” e chegou a Rivellino em uma sacada de
Michel Laurence, veterano jornalista da TV Cultura e idealizador da
atração.
Na noite de estreia o apresentador Vladir Lemos elogiou a
desenvoltura do novo integrante do programa, ao lado dos demais
comentaristas fixos. O jornalista celebra a aquisição famosa para o time
de opinião do programa.
“É um grande prazer. Não existe essa comparação. Quem conheceu o
Magrão (Sócrates) sabe que era um cara insubstituível, uma figura ímpar.
E a gente precisava de alguém que tivesse vivido o futebol, que tivesse
essa experiência. E a gente teve a sorte de contar com um cara da
envergadura do Rivellino. Para a gente foi um salto”, afirmou o
apresentador.
Da sua parte, Rivellino comemora que pode voltar a ser comentarista
sem precisar sacrificar seus finais de semana, em uma rotina de décadas
como jogador e igualmente na primeira parte de sua vida na TV. Tudo
porque, atualmente, o Cartão Verde é exibido pela TV Cultura às terças-feiras, às 22h.
Fonte:UOL
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