O detento Jaílson Alves de Oliveira confirmou ontem, no segundo dia
do julgamento do goleiro Bruno Fernandes, que ouviu o ex-policial civil
Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, assumir que matou Eliza Samudio,
queimou seu corpo e jogou as cinzas em uma lagoa da Região Metropolitana
de Belo Horizonte. Oliveira está preso na Penitenciária Nelson Hungria,
a mesma unidade de Bruno, Bola e Luiz Henrique Ferreira Romão, o
Macarrão, braço direito do ex-atleta.
Ele havia feito várias outras acusações contra o grupo, já
investigadas, mas nunca comprovadas pela polícia. Para o promotor Henry
Wagner Vasconcelos, porém, as denúncias são válidas por causa da riqueza
de detalhes com que o preso narra as acusações. O preso também disse
que foi ameaçado de morte por Bruno. "Ameaçou ou não ameaçou? Fala
agora", disse Oliveira para o goleiro. "Nem te conheço, parceiro",
retrucou o goleiro.
Ontem o julgamento teve uma nova reviravolta na defesa. Desta vez,
foi o próprio jogador que resolveu destituir seu advogado, Rui Caldas
Pimenta. O ato levou ao desmembramento do processo em relação à
ex-mulher do jogador, Dayanne Rodrigues do Carmo, porque ela também é
representada por Francisco Simim, que ficou à frente do caso do atleta.
Anteontem, o processo já havia sido desmembrado em relação ao Bola,
depois que seus advogados decidiram abandonar o plenário.
E a defesa sofreu outro golpe no encerramento dos trabalhos, quando o
promotor Henry Vasconcelos pediu que seis testemunhas arroladas pelos
réus fossem dispensadas porque haviam sido flagradas em hotel com
celulares, quebrando a incomunicabilidade imposta por lei. Até o meio da
noite, porém, os advogados ainda aguardavam a chegada do boletim de
ocorrência para verificar quais testemunhas ficarão impedidas. Uma delas
é Elenilson Vitor da Silva, caseiro do sítio de Bruno, que responde em
liberdade por envolvimento no crime e deverá ser julgado no ano que vem.
"Precisamos saber quem são para avaliar se prejudica a defesa", disse
Tiago Lenoir, nomeado ontem para compor a defesa de Bruno.
A juíza Marixa Fabiane Lopes informou que a decisão será anunciada
apenas hoje, quando começam a ser ouvidas as testemunhas de defesa.
Polêmica. Professor de Direito, ele assumiu o caso em meio a um certo
constrangimento causado por comentários feitos no microblog Twitter
anteontem. "Bruno e Macarrão deveriam confessar o crime de homicídio e
negar a ocultação de cadáver e sequestro. Daí (Bruno) pega 6 anos e
volta a jogar bola", afirmou. Assim como o amigo, Macarrão é processado
por sequestro, cárcere privado, assassinato e ocultação do cadáver de
Eliza. Lenoir ainda criticou os colegas. "A defesa vai continuar falando
asneira e o Bruno será condenado a mais de 38 anos."
Ontem, ele declarou que os comentários foram feitos
"hipoteticamente", antes de assumir o caso, "como se fosse de qualquer
um da população, de forma ampla". E adiantou que a defesa manterá a
mesma linha traçada por Rui Pimenta, de que não houve crime, já que o
corpo de Eliza, desaparecida desde junho de 2010, nunca foi encontrado.
Já Simim admitiu que a estratégia de Bruno ao destituir Pimenta era a
mesma dos advogados de Bola. "A vontade dele (Bruno) era desmembrar (o
processo)" disse. "Ele pretendia protelar o próprio julgamento e,
eventualmente, colher algum benefício do julgamento de Macarrão, caso
ele venha a ser absolvido", avaliou Henry Vasconcelos.
Ontem, foram encerrados os depoimentos das testemunhas de acusação e a
expectativa inicial de duração do julgamento, de duas a três semanas,
deve ser reduzida pelos desmembramentos e pela exclusão das testemunhas
flagradas com celulares.
Ao longo do dia, também depôs o bacharel em Direito João Batista
Alves Guimarães. Ele presenciou o depoimento de Clayton da Silva
Gonçalves, primeira testemunha ouvida no julgamento, mas que havia
alegado ter sofrido "pressão psicológica". Guimarães desmentiu a
testemunha, amiga de infância de Bruno e Macarrão.
Fonte:Estadãoonline
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