Na entrevista de cerca de trinta minutos, o técnico falou sobre bastidores da conquista da
Copa das Confederações,
sobre a torcida e sobre alguns jogadores. Disse que não pode se basear
no apelo da população na hora de convocar jogadores e definiu Neymar
como "espetacular". Para Felipão, o grupo para a
Copa do Mundo ainda está aberto. Confira os principais trechos da entrevista.
ESTADÃO - Você disse que o Brasil mandou um recado pro mundo:
"A seleção brasileira está de volta". Eu gostaria que você falasse um
pouco sobre isso, desse resgate, da formação de um time, desse respeito
adquirido depois dessa conquista.
FELIPÃO - A ideia naquele
momento era colocar uma coisa a todos os nossos oponentes futuros de que
nós estamos com uma equipe já quase que em igualdade de condições com
outras grandes seleções. Quem joga com Inglaterra, França, Uruguai,
Itália, Espanha, México, Japão, e tem esses resultados que esses
jogadores tiveram, é um recado de que nós já estamos num caminho e que
podemos atrapalhar muita gente no futuro.
ESTADÃO - Qual foi o segredo para, em tão pouco tempo, você conseguir dar uma nova cara para a seleção?
FELIPÃO - As
vezes as pessoas imaginam que um grupo jovem não tenha maturidade para
enfrentar certas situações, e naturalmente que foi ótimo que a gente
tenha jogado com todas essas equipes porque, em determinados momentos,
nós vimos que ainda nos faltam algumas coisas. Mas o que nós temos de
jovialidade, o que nós temos de boa vontade, daqueles jogadores jovens,
principalmente, é fantástico. Supera muito da experiência que, às vezes,
também é fundamental. Então, o principal foi que eles entenderam aquilo
que nós falávamos sobre como nos comportar taticamente, e depois
jogarmos a nossa parte técnica, que é tranquila, simples, e ninguém
precisa ensinar. Mas a parte tática é pior, porque eles precisavam
aprender para colocar em prática de uma forma que dificultasse o
adversário. E eles fizeram isso.
ESTADÃO - Quando você resolveu apostar mais na garotada -
Lucas, Bernard, o próprio Jô -, era para dar um pouco mais de bagagem
para esse pessoal aí, já que estava pegando o time numa disputa de três
pontos pela seleção brasileira?
FELIPÃO - Também era essa a
oportunidade que nós teríamos, porque até o Mundial não vamos ter mais
nada, a não ser amistosos; não tem nenhuma competição que a gente jogue o
jogo e pode ser eliminado. Era importante que eles tivessem vivido essa
situação. Em determinado momento no jogo no Maracanã [final contra a
Espanha], o Bernard estava ao lado do Parreira conversando e disse 'É
chefe, é diferente'. O Bernard já está passando pela segunda
Libertadores, ou primeira, não tenho certeza agora, mas é diferente,
sim, jogar com seleções com aquele nível. E esse diferente resulta que,
no futuro, ele já tenha sete, oito, dez jogos com a seleção e ele já
tenha aquela mínima experiência para enfrentar alguma dificuldade que
possa aparecer.
ESTADÃO - Nessa caminhada, em que momento você sentiu que os
jogadores compraram a ideia da comissão técnica, enfim, "ganhamos"?
Teve um momento chave, em que você percebeu isso?
FELIPÃO - O
momento que eu sempre falei para eles que eu sentia dificuldades, que
eu como técnico tinha receio, era o jogo com o México. Naquele jogo eu
fiquei um pouco apreensivo em virtude de uma série de situações e
fatores que poderiam levar o nosso time a não jogar muito bem, mas
acabamos jogando razoavelmente bem. Nos outros jogos eu estava muito
mais tranquilo em relação ao jogo do que imaginava, Japão, Itália,
Uruguai - mesmo o próprio Uruguai, que é um clássico.
ESTADÃO - Foi um jogo duro...
FELIPÃO - Foi
difícil, foi o mais difícil. Foi o jogo mais encrencado, mais feio, mais
tudo. Nem eles fizeram muita coisa, nem nós fizemos muita coisa. E
depois, contra a Espanha, eu não tinha preocupação nenhuma, porque o que
a gente vinha assistindo do trabalho, e pela forma como eles se
comportavam, a gente não se preocupava. Poderiam os espanhóis ganhar o
jogo da gente como até tiveram oportunidade - eles tiveram duas ou três
vezes chances. Agora, do jeito como estavam motivados e tudo o mais, não
era o jogo que me preocupava; o jogo que me preocupou foi o México. Mas
eles [jogadores] desde o início começaram a entender que taticamente,
se nós formos equilibrados, nós somos muito boa equipe.
ESTADÃO - Teve um determinado momento que o Brasil começou a
fazer gol logo de cara, e muito se comentou que isso foi empolgação por
causa do hino, a torcida cantando e isso empurrando o time com toda
aquela vibração e aquela vontade. Até que ponto isso teve influência,
mas também até que ponto a parte tática foi programada para "dar o bote"
e pesou nisso?
FELIPÃO - Quando a gente tinha os jogos
amistosos a gente se reunia na segunda, treinava na terça [e atuava na
quarta]. Não tinha como preparar alguma coisa. Agora, com esses 20 dias,
15 dias que nós tivemos, a gente preparou o aspecto tático de marcação
um pouco mais adiantada. E aí já surtiu efeito no jogo contra o Japão, e
no jogo seguinte eles mesmos sugeriram que a gente continuasse daquela
forma. No jogo do México foi a mesma coisa, e no jogo do Uruguai a gente
tentou, queríamos, mas não deu certo. No jogo da Espanha continuamos
daquela forma... A gente via que, após o hino, após aquela vibração, o
envolvimento da torcida, os próprios jogadores queriam começar o jogo e
amassar o adversário. Então a gente deixava que isso acontecesse até os
10min, 15min, 20min, que é o máximo que a gente pode fazer, e depois
dava uma esfriada - mas a gente dava corda para que a coisa acontecesse.
Não conseguimos com o Uruguai. Nós sabíamos que a Espanha, à medida que
fosse atacada, iria tentar atacar e se manter no nosso campo - e por
isso nos treinamos algumas bolas longas, que por sinal resultou no gol
do Fred, numa bola virada no Hulk pelo David. Eles marcam muito na
intermediária, muita pressão, mas às costas sempre tem espaço para
jogar. Quando aquilo aconteceu, a gente viu que eles iriam marcar a
bola, e que mais uma vez, mais duas, três vezes daquela jogada, eles
iriam correr riscos - tanto é que nós cobramos da arbitragem aquela bola
longa pro Neymar, que ele deu amarelo. Nós decidimos recuar um
pouquinho, porque eles jogam realmente o tempo todo em cima de você, é
difícil, a gente tem que ter alguma variante, porque senão eles vão
trocando passes e vão chegando dentro do seu gol.
ESTADÃO - Você resgatou alguns jogadores importantes para o
Brasil, que estavam sem confiança antes da Copa: o Júlio Cesar, goleiro
que teve uma falha na África do Sul,trocou de time e ficou um pouco no
esquecimento; Fred, a mesma coisa; Luiz Gustavo, um jogador que a gente
pouco acreditava e que fez um partidaço na final...
FELIPÃO - O
Luiz a gente brigou, teve dificuldades com o Bayern para trazer ele e o
Dante. E o Luiz chegou na quinta-feira à noite, se juntou na
sexta-feira e já no sábado treinou na equipe titular, no treino
misterioso que a gente fez no Maracanã, e já entrou na equipe. E ele não
era titular, porque nós jogamos com Paulinho e Ramires, jogamos com
Ralf e Paulinho, com Fernando e Hernanes... Nós não tínhamos ainda a
definição da titularidade. E eu queria alguém com bom porte físico e que
se posicionasse daquela forma, dando condições para que nossos laterais
subissem, fazendo com que nosso meia ficasse um pouco mais livre - mas o
Paulinho tem características fantásticas também de marcação -, e aí
quando chegou no sábado a gente treinou porque o texto de sexta, na
Gávea, eu não gostei, e o Murtosa e o Parreira também não gostaram,
então eu decidi que iria mudar alguma coisa. E o Luiz entrou muito bem. A
gente vinha vendo o Luiz jogando lá no Bayern, e quem joga no Bayern
não é possível que não tenha qualidade. Contra a Inglaterra foi bem,
contra a França foi bem, e decidimos fazer a manutenção dessa equipe. O
Júlio já era titular desde que eu cheguei, eu gosto da forma como ele se
comporta, como joga, e avaliando os goleiros que eu imaginava eu achava
que o Júlio deveria ser o titular, e ele, jogando numa equipe que foi
rebaixada, tava tendo atitudes como goleiro muito boas. Não foi nada
diferente do que qualquer outro técnico faria. E o Fred é porque eu
gosto de jogar com centroavante que sabe fazer gol, aquele homem de
área, aquele homem que a bola passa três vezes, duas ele está na bola e
uma ele faz. Eu gosto disso, esse estilo é o estilo que eu admiro. O
Fred, eu sempre tive amizade fora de campo porque ele é muito amigo do
Deco, e a gente conversava antes de eu ser treinador da seleção e
jogávamos contra o Fluminense, ou um ou outro lugar que nos
encontrávamos, então eu gosto do estilo dele e da forma como ele se
comporta como pessoa. Nós tínhamos que jogar de uma forma tranquila e
que eles também se sentissem úteis.
ESTADÃO -
Teve mais um jogador que chamou a
atenção da gente e foi o Hulk, que foi muito mal na Olimpíada, começou
como titular depois virou reserva do Mano. E aí você resgatou o Hulk
novamente, e nós aqui mesmo na redação tínhamos sérias críticas a ele:
com o Hulk não é possível e tal. E de repente você apostou e ele acabou
não só conquistando sua confiança, mas também de toda a torcida, a gente
via muita gente fantasiada de Hulk aí nas arquibancadas. Pode falar um
pouquinho do Hulk pra gente?
FELIPÃO - É porque ele é
taticamente importante. Então, às vezes, quando nós técnicos falamos a
vocês da imprensa porque determinado jogador, a imprensa tem uma certa
desconfiança com A ou com B. Ou por que se joga com um volante naquela
função, por que se joga com um ponta que não é muitas vezes um ponta
agressivo, mas sim trabalha para equipe para que outros sejam
beneficiados. E o Hulk é aquela pessoa que, tanto pelo lado direito
quanto pelo lado esquerdo, faz aquele trabalho onde ele deixa o lateral
sem problemas. Porque o lateral que subia do adversário é dele. A bola
que for virada de jogo é dele. Ele fecha o meio muito bem, com muita
força. Então para que outros se beneficiem é importante a gente ter um
jogador assim. E o que a gente trabalhava com ele era só que ele estava
fazendo aquilo para a equipe e que eu gostava, era ótimo e eu queria
mantê-lo. Então um dia antes do jogo contra a Espanha, dois dias antes
aliás, chamei o Oscar, chamei o Hulk e disse: 'vocês vão jogar. Todos
vão jogar. Pode não estar fazendo gol, eu nem quero saber, vocês vão
jogar e tu vai fazer isso e tu vai fazer aquilo. Tá certo? Algum
problema?'. 'Não, professor pode ficar tranquilo!'. 'Então ótimo, vamos
embora. Porque mesmo que A ou B não goste de vocês eu gosto. E vocês
estão aqui por enquanto sou o técnico, então fiquem tranquilos.'
ESTADÃO - Se você quiser participar deste bate-papo você pode
enviar a sua pergunta, a sua sugestão para #FelipaonoEstadao aqui no
twitter do Estadão. O Vanderson Marte faz a seguinte pergunta: você
ficou receoso com o comportamento da torcida em algum momento? Mais pelo
passado de críticas, de recepcionamento da seleção. Em algum momento
você temeu pelo comportamento, pela reação da torcida?
FELIPÃO - Sim.
Quando nós jogamos em Brasília foi ótimo. O torcedor de Brasília é um
torcedor que nos recebe sempre bem. O que acontecia antes em Goiânia,
numa situação que precisa ser esclarecida, que não podia ser eu a dizer
todo dia e que não era só eu que tinha que abrir treino. Porque isso é
uma das coisas que eu já falei para o nosso presidente, pro seu Marin,
que nós vamos para a Granja. Que eu não posso treinar todos os dias com
500 ou 2000 pessoas, porque o treino precisa ter concentração, senão vai
voltar aquele episódio da Suíça, em Weggis [em 2006]. Então pelo amor
de Deus, já foi falado isso, mas ninguém explicava, principalmente aos
jornalistas, e que eu também não tive a capacidade de mostrar na hora
que não era uma questão de não querer ter ligação com o povo. É uma
questão de ter uma ligação exclusiva com os jogadores, que era ali que
nós íamos nos preparar. Então a gente tinha um pouquinho de receio
principalmente, o dia que eu tive mais receio foi o dia que nós jogamos
em Minas. Pelo ocorrido anteriormente no jogo com o Chile. Inclusive
alertei todo o grupo: olha, calma, se nós entrarmos em campo e tivermos
alguma dificuldade. Depois eu conversei um pouco com alguns jornalistas:
'não se preocupe que a torcida está junto com a gente'. Quando o hino
foi tocado, quando eles cantaram, quando eles participaram, e o primeiro
minuto eles começaram realmente, se já foi bem diferente do primeiro
minuto de jogo com o Chile, aí já acalmou, mas o que vale, o que muito
foi importante, foram os torcedores, a forma como eles se comportavam
antes do jogo naqueles momentos que antecediam a partida. A forma como
eles tratavam os jogadores, vibravam com tudo o que acontecia antes,
fazendo alguma pressão sobre o adversário. Só tive medo em Minas, mas o
meu medo foi em vão. Passou logo no primeiro minuto.
ESTADÃO - Essas manifestações que coincidiram com a Copa das
Confedrações, até pelo motivo da Copa, com muitas cobrança nas ruas. De
certa você acredita que isso ajudou a seleção? Da torcida abraçar mais a
seleção?
FELIPÃO - Sim, sim, porque essas manifestações
eram direcionadas a determinadas situações e nada que envolvesse a
seleção. Os atletas eram acarinhados, eram bem recebidos em todos os
lugares. E outra, os atletas fizeram eles as suas manifestações.
ESTADÃO - Foi uma coisa combinada? Vocês chegaram a
conversar, liberaram? Porque essas manifestações em redes sociais muitas
vezes dá problema.
FELIPÃO - É, sempre dá. A gente
conversou antes do início da competição de que eles todos teriam
liberdade, desde que nada envolvesse o nosso trabalho dentro da CBF. Por
que? Porque nós não podemos passar determinadas situações ao público,
de cada um desses jogadores, do que acontece lá dentro. Mas, sobre o
assunto manifestações, nós nos reunimos um dia após o jantar, por volta
de dez horas, aonde algumas ideias foram apresentadas e depois nos
reunimos por volta de 11 e meia onde então foi passado a todos de que o
melhor seria que, se alguém quisesse se manifestar a favor, ou contra.
que cada um usasse seu meio de comunicação e passasse ao público sua
ideia. Porque nós estamos na seleção, defendemos a seleção, os
interesses da CBF e da seleção, mas cada um tem seu pensamento e nós não
vamos colocar um pensamento coletivo. Pensamento coletivo é pra jogo, o
resto, esqueça. Depois, num dia em que nós liberamos para sair, saiu um
pra cada lado. Não existe coletivo pra algumas coisas. Então,
liberamos, cada um se manifestou como achava que tinha que se manifestar
e as pessoas do Brasil entenderam perfeitamente a mensagem de cada um.
ESTADÃO - Você trabalhou já com os melhores jogadores do
mundo. Dá pra comparar essa sua experiência com o Neymar? O Neymar
realmente é tudo isso mesmo?
FELIPÃO - Vocês viram o gol
dele ontem? Não adianta, ele é craque. Ele é muito bom. Ele é
espetacular. E ele vai jogar agora num Barcelona também espetacular,
onde tem o Messi do lado, provavelmente eles vão fazer cada coisa lá
que... né, ninguém sabe. Porque o Neymar é fantástico.
ESTADÃO - É o melhor com que você já trabalhou?
FELIPÃO -
É um. Eu trabalhei com Luis Figo. Pra seleção de Portugal, ninguém se
iguala com o Luis Figo. Ninguém se igualou até hoje. Fantástico. Agora, o
Neymar tem duas ou três coisas que ele é um menino tranquilo, simples,
tudo aquilo que a gente cobra, ou pede, ou até exige em determinados
jogos e ele faz. Ele acrescentou a virtude de voltar na marcação, que já
não é mérito meu. Já disse cem vezes, e volto a repetir, é mérito de
quem trabalhou com o Neymar, principalmente do Muricy. Com o Muricy ele
começou a voltar um pouco mais e atrapalhar o lateral. Porque, de vez em
quando ele vem, ele não tem um posicionamento defensivo, ele faz uma ou
outra falta que às vezes nem precisa, mas pela não característica...
mas ele está acrescentando isso, tá adicionando. E o Neymar, na parte
técnica, eu não sei o que alguém pode ensinar pra ele. A gente tem que
deixar, só melhorando na parte tática – eu acho que ele vai melhorar
bastante agora na Europa, porque tem determinados jogos em que
taticamente as equipes têm que se comportar de uma forma super correta
senão não ganha o jogo, os exemplos estão aí: o Bayern de Munique, o
Chelsea, a Inter de Milão. Alguns detalhes em alguns jogos o jogador tem
que mudar sua característica pro bem da equipe. E ele tem essa
qualidade de que ele vai acrescentando. Eu não sei se vão elegê-lo nesse
ano melhor do mundo, não sei. Mas ele vai brigar entre os três, com o
Cristiano, com o Messi, certíssimo que vai brigar. Uma briga boa.
ESTADÃO - Em 2005 quando o Brasil ganhou a Copa das
Confederações com o Parreira, foi uma comoção também que o time jogou
muito bem, deu um show, eu estava lá, vi de perto, em 2009, o Brasil
muito muito bem também e conquistou e tanto o Parreira quanto o Dunga
praticamente fecharam o grupo e não conseguiram sucesso na Copa do
Mundo, e você, vai fechar esse grupo?
FELIPÃO - Eles sabem e
eu nunca escondi de ninguém de que eu queria que eles se comportassem
como grupo, fizessem o melhor, que eu iria fazer as análises e veria o
que pode acontecer para o futuro, mas eu não tenho um grupo fechado. Vou
eu, o Murtosa e o Parreira observar muitos jogos do Brasil porque
sempre surge um jogador. Do ano passado para cá, o Bernard surgiu e é um
jogador interessantíssimo. Sempre surge um jogador, sempre surge
alguém. Lá fora, nós temos uns cinco, seis nomes que têm muito boa
qualidade e que por uma ou outra razão nós não podiamos convocar nesses
amistosos e nem lá e nem aqui. Problema de amídala, problema de frio,
uma série de detalhes e a gente agora vai observar e vai tentar
convocar, já pensando no primeiro amistoso um ou outro jogador diferente
e testar e observar, além de observar alguns jogos, para todo mundo ter
a oportunidade e vão ter oportunidade sim. Agora depende de como eles
se comportam nos clubes e também nos jogos que forem convocados.
ESTADÃO - Em 2002 você teve uma pedra que era o Romário e
houve uma comoção forte pela convocação dele e agora a gente ouve muito
sobre o Ronaldinho Gaúcho. Como é que você trabalha esse tipo de "pedido
popular"?Eu vejo que é útil para o meu time. Pedido
popular, em cada esquina que eu vou terá um pedido. Eu tenho que saber o
que é bom para o meu time e ver se deixo alguma coisa que me é dita em
qualquer lugar. Eu ouço normalmente, porque as vezes ouvindo algum nome,
a gente reflete. Eu ouço, mas a escolha tem que ser feita por mim,
afinal o presidente me colocou lá como técnico e sou eu quem tenho que
escolher, ponto. Mas ouço e inclusive debato. A gente não tem uma ideia
fixa. Eu tenho o Murtosa, o Parreira, tem o menino que trabalha na
montagem de todos os jogos, que é muito inteligente e aí a gente
discute. Para essa convocação, um jogador foi convocado de forma
diferente do que a gente imaginava. Tem isso, tem isso e tem isso, mas
meu Deus, falta alguma coisa. Vou apostar nesse. E era um jogador jovem
sim que a gente trouxe que é o caso do Bernard. Vou apostar, porque é a
oportunidade e é isso o que eu faço.
ESTADÃO - Vai um pouco de intuição?
FELIPÃO -
Vai, vai um pouco daquilo que a gente já viveu em futebol. No jogo do
Mineirão, contra o Uruguai, entrou o Bernard, eu olhava e não sabia quem
tirar. Tinha um aqui que eu tinha que tirar, mas não seria bom. Tiro o
do meio? Não, não tá encaixando. Era aquela ideia do que vamos fazer.
Vou ter que modificar alguma coisa. Tem que modificar, aí eu sentei no
banco e perguntei, o que vocês acham? Aí falaram, eu ouvi, mas disse
não, minha ideia é por o Bernard, "o que vocês acham?" - "Mas tu é o
técnico, a decisão é tua, você quem tem saber o que quer, nós estamos
aqui para te ajudar!". Entrou o Bernard mesmo e foi muito bem. Algumas
vezes, a gente também erra feio, substitui e dá tudo errado.
ESTADÃO - Teve alguma coisa que te
decepcionou nessa Copa das Confederações, algum jogador ou algum momento
que não era o que você esperava e acabou acontecendo?Nada
foi assim, decepcionante, a ponto de não mudar alguma coisa, mas sempre
tem alguma ou outra situação que deixa a gente um pouco preocupado,
chateado, mas aí são episódios em que muitas vezes envolvem comentários,
dados estatísticos que não são aqueles que nós temos, são coisas
mínimas que a gente depois vai passando os jogos e vai passando o tempo e
na primeira semana já nem sabe do último, então poucas coisas nesse
sentido. Do resto é que a gente tem algumas dificuldades. O povo, as
pessoas que querem fazer alguma dificuldade de entrar lá dentro do hotel
da seleção, fotos, elas têm que entender que a gente está ali fazendo
um trabalho que não dá para ser assim e é isso que eu gostaria de pasar
para o nossos torcedor no ano que vem. Não dá para atender todo mundo.
São jornalistas com pedidos, são atrizes, atores, são políticos. Não dá.
E aí a gente passa por ruim. Mas eu prefiro passar por ruim e depois
ter comemoração que nós tivemos, do que atender certos pedidos. E isso é
o pior de tudo.
ESTADÃO - Felipão, a gente agradece por este bate-papo aqui na TV Estadão.
FELIPÃO - Eu
lembrei que eu vinha aqui, então trouxe uma camisa assinada pelo nosso
grupo, não sei quantos assinaram mas devem ter uns 22 ou 23 aí. Não sei
quem vai ficar mais satisfeito, se tem alguém que é são-paulino...
ESTADÃO - Está cheio de São-paulino aqui...
FELIPÃO - Essa aqui é a camisa do Lucas.
ESTADÃO
- Muito obrigado, a gente agradece o seu bate-papo e a sua presença no
Grupo Estado e lhe deseja sorte neste um ano aí para a Copa do Mundo.
FELIPÃO - Eu que fico feliz porque sempre que eu tenho vindo ao
Estadão,
sempre acontece uma coisa boa na minha vida, então, se puder, quem sabe
antes do Mundial eu venho só dar uma passada e tomar um café, porque já
que sempre acontece uma coisa boa...
ESTADÃO - Não posso deixar de fazer uma pergunta de um palmeirense colega nosso: quando você volta para o Palmeiras?
FELIPÃO - Pois
é, sabe que eu tenho muita gente na rua, quando eu passo ou em todos os
lugares que eu tenho ido eu tebho sido recebido de uma forma muito
agradável por toda a torcida do Palmeiras, como era antigamente e como
continua sendo. Essa passagem pelo Palmeiras foi diferente da primeira
mas o carinho que eu tenho, o amor que eu tenho e o amor por mim,
parece-me que de 100 pessoas, 99 continuam tendo o mesmo relacionamento,
então não sei, eu tenho torcido. Ainda anteontem falei com o Paulo
Nobre sobre a contratação de um centroavante, como o Alan Kardec e que
eu acho um bom jogador e que vai ajudar o Palmeiras e a gente tem sempre
falado sobre uma coisa e outra porque o que eu desejo mesmo para o
Palmeiras esse ano é a subida para a Série A e o ano que vem o estádio
pronto, o grande passo estará sendo dado neste ano e no ano que vem.
Pela amizade que eu tenho não sei quando eu volto, mas eu volto lá uma
vez a cada 30 dias, 60 dias, de vez em quando eu estou ali, eu ligo para
o Gilson e ele pede para gente passar, encontrar e bater papo, a
amizade é boa e eu sempre disse que em São Paulo fui muito bem recebido
pelo Palmeiras e não sei o dia de amanhã, não sei o que vai acontecer
Fonte:JT
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