quarta-feira, 3 de julho de 2013

Felipão não convoca por apelo popular


Na entrevista de cerca de trinta minutos, o técnico falou sobre bastidores da conquista da Copa das Confederações, sobre a torcida e sobre alguns jogadores. Disse que não pode se basear no apelo da população na hora de convocar jogadores e definiu Neymar como "espetacular". Para Felipão, o grupo para a Copa do Mundo ainda está aberto. Confira os principais trechos da entrevista.

ESTADÃO - Você disse que o Brasil mandou um recado pro mundo: "A seleção brasileira está de volta". Eu gostaria que você falasse um pouco sobre isso, desse resgate, da formação de um time, desse respeito adquirido depois dessa conquista.
FELIPÃO -
A ideia naquele momento era colocar uma coisa a todos os nossos oponentes futuros de que nós estamos com uma equipe já quase que em igualdade de condições com outras grandes seleções. Quem joga com Inglaterra, França, Uruguai, Itália, Espanha, México, Japão, e tem esses resultados que esses jogadores tiveram, é um recado de que nós já estamos num caminho e que podemos atrapalhar muita gente no futuro.

ESTADÃO - Qual foi o segredo para, em tão pouco tempo, você conseguir dar uma nova cara para a seleção?
FELIPÃO -
As vezes as pessoas imaginam que um grupo jovem não tenha maturidade para enfrentar certas situações, e naturalmente que foi ótimo que a gente tenha jogado com todas essas equipes porque, em determinados momentos, nós vimos que ainda nos faltam algumas coisas. Mas o que nós temos de jovialidade, o que nós temos de boa vontade, daqueles jogadores jovens, principalmente, é fantástico. Supera muito da experiência que, às vezes, também é fundamental. Então, o principal foi que eles entenderam aquilo que nós falávamos sobre como nos comportar taticamente, e depois jogarmos a nossa parte técnica, que é tranquila, simples, e ninguém precisa ensinar. Mas a parte tática é pior, porque eles precisavam aprender para colocar em prática de uma forma que dificultasse o adversário. E eles fizeram isso.

ESTADÃO - Quando você resolveu apostar mais na garotada - Lucas, Bernard, o próprio Jô -, era para dar um pouco mais de bagagem para esse pessoal aí, já que estava pegando o time numa disputa de três pontos pela seleção brasileira?
FELIPÃO -
Também era essa a oportunidade que nós teríamos, porque até o Mundial não vamos ter mais nada, a não ser amistosos; não tem nenhuma competição que a gente jogue o jogo e pode ser eliminado. Era importante que eles tivessem vivido essa situação. Em determinado momento no jogo no Maracanã [final contra a Espanha], o Bernard estava ao lado do Parreira conversando e disse 'É chefe, é diferente'. O Bernard já está passando pela segunda Libertadores, ou primeira, não tenho certeza agora, mas é diferente, sim, jogar com seleções com aquele nível. E esse diferente resulta que, no futuro, ele já tenha sete, oito, dez jogos com a seleção e ele já tenha aquela mínima experiência para enfrentar alguma dificuldade que possa aparecer.

ESTADÃO - Nessa caminhada, em que momento você sentiu que os jogadores compraram  a ideia da comissão técnica, enfim, "ganhamos"? Teve um momento chave, em que você percebeu isso?
FELIPÃO -
O momento que eu sempre falei para eles que eu sentia dificuldades, que eu como técnico tinha receio, era o jogo com o México. Naquele jogo eu fiquei um pouco apreensivo em virtude de uma série de situações e fatores que poderiam levar o nosso time a não jogar muito bem, mas acabamos jogando razoavelmente bem. Nos outros jogos eu estava muito mais tranquilo em relação ao jogo do que imaginava, Japão, Itália, Uruguai - mesmo o próprio Uruguai, que é um clássico.

ESTADÃO - Foi um jogo duro...
FELIPÃO -
Foi difícil, foi o mais difícil. Foi o jogo mais encrencado, mais feio, mais tudo. Nem eles fizeram muita coisa, nem nós fizemos muita coisa. E depois, contra a Espanha, eu não tinha preocupação nenhuma, porque o que a gente vinha assistindo do trabalho, e pela forma como eles se comportavam, a gente não se preocupava. Poderiam os espanhóis ganhar o jogo da gente como até tiveram oportunidade - eles tiveram duas ou três vezes chances. Agora, do jeito como estavam motivados e tudo o mais, não era o jogo que me preocupava; o jogo que me preocupou foi o México. Mas eles [jogadores] desde o início começaram a entender que taticamente, se nós formos equilibrados, nós somos muito boa equipe.

ESTADÃO - Teve um determinado momento que o Brasil começou a fazer gol logo de cara, e muito se comentou que isso foi empolgação por causa do hino, a torcida cantando e isso empurrando o time com toda aquela vibração e aquela vontade. Até que ponto isso teve influência, mas também até que ponto a parte tática foi programada para "dar o bote" e pesou nisso?
FELIPÃO -
Quando a gente tinha os jogos amistosos a gente se reunia na segunda, treinava na terça [e atuava na quarta]. Não tinha como preparar alguma coisa. Agora, com esses 20 dias, 15 dias que nós tivemos, a gente preparou o aspecto tático de marcação um pouco mais adiantada. E aí já surtiu efeito no jogo contra o Japão, e no jogo seguinte eles mesmos sugeriram que a gente continuasse daquela forma. No jogo do México foi a mesma coisa, e no jogo do Uruguai a gente tentou, queríamos, mas não deu certo. No jogo da Espanha continuamos daquela forma... A gente via que, após o hino, após aquela vibração, o envolvimento da torcida, os próprios jogadores queriam começar o jogo e amassar o adversário. Então a gente deixava que isso acontecesse até os 10min, 15min, 20min, que é o máximo que a gente pode fazer, e depois dava uma esfriada - mas a gente dava corda para que a coisa acontecesse. Não conseguimos com o Uruguai. Nós sabíamos que a Espanha, à medida que fosse atacada, iria tentar atacar e se manter no nosso campo - e por isso nos treinamos algumas bolas longas, que por sinal resultou no gol do Fred, numa bola virada no Hulk pelo David. Eles marcam muito na intermediária, muita pressão, mas às costas sempre tem espaço para jogar. Quando aquilo aconteceu, a gente viu que eles iriam marcar a bola, e que mais uma vez, mais duas, três vezes daquela jogada, eles iriam correr riscos - tanto é que nós cobramos da arbitragem aquela bola longa pro Neymar, que ele deu amarelo. Nós decidimos recuar um pouquinho, porque eles jogam realmente o tempo todo em cima de você, é difícil, a gente tem que ter alguma variante, porque senão eles vão trocando passes e vão chegando dentro do seu gol.


ESTADÃO - Você resgatou alguns jogadores importantes para o Brasil, que estavam sem confiança antes da Copa: o Júlio Cesar, goleiro que teve uma falha na África do Sul,trocou de time e ficou um pouco no esquecimento; Fred, a mesma coisa; Luiz Gustavo, um jogador que a gente pouco acreditava e que fez um partidaço na final...
FELIPÃO -
O Luiz a gente brigou, teve dificuldades com o Bayern para trazer ele e o Dante. E o Luiz chegou na quinta-feira à noite, se juntou na sexta-feira e já no sábado treinou na equipe titular, no treino misterioso que a gente fez no Maracanã, e já entrou na equipe. E ele não era titular, porque nós jogamos com Paulinho e Ramires, jogamos com Ralf e Paulinho, com Fernando e Hernanes... Nós não tínhamos ainda a definição da titularidade. E eu queria alguém com bom porte físico e que se posicionasse daquela forma, dando condições para que nossos laterais subissem, fazendo com que nosso meia ficasse um pouco mais livre - mas o Paulinho tem características fantásticas também de marcação -, e aí quando chegou no sábado a gente treinou porque o texto de sexta, na Gávea, eu não gostei, e o Murtosa e o Parreira também não gostaram, então eu decidi que iria mudar alguma coisa. E o Luiz entrou muito bem. A gente vinha vendo o Luiz jogando lá no Bayern, e quem joga no Bayern não é possível que não tenha qualidade. Contra a Inglaterra foi bem, contra a França foi bem, e decidimos fazer a manutenção dessa equipe. O Júlio já era titular desde que eu cheguei, eu gosto da forma como ele se comporta, como joga, e avaliando os goleiros que eu imaginava eu achava que o Júlio deveria ser o titular, e ele, jogando numa equipe que foi rebaixada, tava tendo atitudes como goleiro muito boas. Não foi nada diferente do que qualquer outro técnico faria. E o Fred é porque eu gosto de jogar com centroavante que sabe fazer gol, aquele homem de área, aquele homem que a bola passa três vezes, duas ele está na bola e uma ele faz. Eu gosto disso, esse estilo é o estilo que eu admiro. O Fred, eu sempre tive amizade fora de campo porque ele é muito amigo do Deco, e a gente conversava antes de eu ser treinador da seleção e jogávamos contra o Fluminense, ou um ou outro lugar que nos encontrávamos, então eu gosto do estilo dele e da forma como ele se comporta como pessoa. Nós tínhamos que jogar de uma forma tranquila e que eles também se sentissem úteis.

ESTADÃO Teve mais um jogador que chamou a atenção da gente e foi o Hulk, que foi muito mal na Olimpíada, começou como titular depois virou reserva do Mano. E aí você resgatou o Hulk novamente, e nós aqui mesmo na redação tínhamos sérias críticas a ele: com o Hulk não é possível e tal. E de repente você apostou e ele acabou não só conquistando sua confiança, mas também de toda a torcida, a gente via muita gente fantasiada de Hulk aí nas arquibancadas. Pode falar um pouquinho do Hulk pra gente?
FELIPÃO -
 É porque ele é taticamente importante. Então, às vezes, quando nós técnicos falamos a vocês da imprensa porque determinado jogador, a imprensa tem uma certa desconfiança com A ou com B. Ou por que se joga com um volante naquela função, por que se joga com um ponta que não é muitas vezes um ponta agressivo, mas sim trabalha para equipe para que outros sejam beneficiados. E o Hulk é aquela pessoa que, tanto pelo lado direito quanto pelo lado esquerdo, faz aquele trabalho onde ele deixa o lateral sem problemas. Porque o lateral que subia do adversário é dele. A bola que for virada de jogo é dele. Ele fecha o meio muito bem, com muita força. Então para que outros se beneficiem é importante a gente ter um jogador assim. E o que a gente trabalhava com ele era só que ele estava fazendo aquilo para a equipe e que eu gostava, era ótimo e eu queria mantê-lo. Então um dia antes do jogo contra a Espanha, dois dias antes aliás, chamei o Oscar, chamei o Hulk e disse: 'vocês vão jogar. Todos vão jogar. Pode não estar fazendo gol, eu nem quero saber, vocês vão jogar e tu vai fazer isso e tu vai fazer aquilo. Tá certo? Algum problema?'. 'Não, professor pode ficar tranquilo!'. 'Então ótimo, vamos embora. Porque mesmo que A ou B não goste de vocês eu gosto. E vocês estão aqui por enquanto sou o técnico, então fiquem tranquilos.'

ESTADÃO - Se você quiser participar deste bate-papo você pode enviar a sua pergunta, a sua sugestão para #FelipaonoEstadao aqui no twitter do Estadão. O Vanderson Marte faz a seguinte pergunta: você ficou receoso com o comportamento da torcida em algum momento? Mais pelo passado de críticas, de recepcionamento da seleção. Em algum momento você temeu pelo comportamento, pela reação da torcida?
FELIPÃO -
 Sim. Quando nós jogamos em Brasília foi ótimo. O torcedor de Brasília é um torcedor que nos recebe sempre bem. O que acontecia antes em Goiânia, numa situação que precisa ser esclarecida, que não podia ser eu a dizer todo dia e que não era só eu que tinha que abrir treino. Porque isso é uma das coisas que eu já falei para o nosso presidente, pro seu Marin, que nós vamos para a Granja. Que eu não posso treinar todos os dias com 500 ou 2000 pessoas, porque o treino precisa ter concentração, senão vai voltar aquele episódio da Suíça, em Weggis [em 2006]. Então pelo amor de Deus, já foi falado isso, mas ninguém explicava, principalmente aos jornalistas, e que eu também não tive a capacidade de mostrar na hora que não era uma questão de não querer ter ligação com o povo. É uma questão de ter uma ligação exclusiva com os jogadores, que era ali que nós íamos nos preparar. Então a gente tinha um pouquinho de receio principalmente, o dia que eu tive mais receio foi o dia que nós jogamos em Minas. Pelo ocorrido anteriormente no jogo com o Chile. Inclusive alertei todo o grupo: olha, calma, se nós entrarmos em campo e tivermos alguma dificuldade. Depois eu conversei um pouco com alguns jornalistas: 'não se preocupe que a torcida está junto com a gente'. Quando o hino foi tocado, quando eles cantaram, quando eles participaram, e o primeiro minuto eles começaram realmente, se já foi bem diferente do primeiro minuto de jogo com o Chile, aí já acalmou, mas o que vale, o que muito foi importante, foram os torcedores, a forma como eles se comportavam antes do jogo naqueles momentos que antecediam a partida. A forma como eles tratavam os jogadores, vibravam com tudo o que acontecia antes, fazendo alguma pressão sobre o adversário. Só tive medo em Minas, mas o meu medo foi em vão. Passou logo no primeiro minuto.

ESTADÃO - Essas manifestações que coincidiram com a Copa das Confedrações, até pelo motivo da Copa, com muitas cobrança nas ruas. De certa você acredita que isso ajudou a seleção? Da torcida abraçar mais a seleção?
FELIPÃO - 
Sim, sim, porque essas manifestações eram direcionadas a determinadas situações e nada que envolvesse a seleção. Os atletas eram acarinhados, eram bem recebidos em todos os lugares. E outra, os atletas fizeram eles as suas manifestações.

ESTADÃO - Foi uma coisa combinada? Vocês chegaram a conversar, liberaram? Porque essas manifestações em redes sociais muitas vezes dá problema.
FELIPÃO - 
É, sempre dá. A gente conversou antes do início da competição de que eles todos teriam liberdade, desde que nada envolvesse o nosso trabalho dentro da CBF. Por que? Porque nós não podemos passar determinadas situações ao público, de cada um desses jogadores, do que acontece lá dentro. Mas, sobre o assunto manifestações, nós nos reunimos um dia após o jantar, por volta de dez horas, aonde algumas ideias foram apresentadas e depois nos reunimos por volta de 11 e meia onde então foi passado a todos de que o melhor seria que, se alguém quisesse se manifestar a favor, ou contra. que cada um usasse seu meio de comunicação e passasse ao público sua ideia. Porque nós estamos na seleção, defendemos a seleção, os interesses da CBF e da seleção, mas cada um tem seu pensamento e nós não vamos colocar um pensamento coletivo. Pensamento coletivo é pra jogo, o resto, esqueça. Depois, num dia em que nós liberamos para sair, saiu um pra cada lado. Não existe coletivo pra algumas coisas. Então, liberamos, cada um se manifestou como achava que tinha que se manifestar e as pessoas do Brasil entenderam perfeitamente a mensagem de cada um.

ESTADÃO - Você trabalhou já com os melhores jogadores do mundo. Dá pra comparar essa sua experiência com o Neymar? O Neymar realmente é tudo isso mesmo?
FELIPÃO - 
Vocês viram o gol dele ontem? Não adianta, ele é craque. Ele é muito bom. Ele é espetacular. E ele vai jogar agora num Barcelona também espetacular, onde tem o Messi do lado, provavelmente eles vão fazer cada coisa lá que... né, ninguém sabe. Porque o Neymar é fantástico.

ESTADÃO - É o melhor com que você já trabalhou?
FELIPÃO -
É um. Eu trabalhei com Luis Figo. Pra seleção de Portugal, ninguém se iguala com o Luis Figo. Ninguém se igualou até hoje. Fantástico. Agora, o Neymar tem duas ou três coisas que ele é um menino tranquilo, simples, tudo aquilo que a gente cobra, ou pede, ou até exige em determinados jogos e ele faz. Ele acrescentou a virtude de voltar na marcação, que já não é mérito meu. Já disse cem vezes, e volto a repetir, é mérito de quem trabalhou com o Neymar, principalmente do Muricy. Com o Muricy ele começou a voltar um pouco mais e atrapalhar o lateral. Porque, de vez em quando ele vem, ele não tem um posicionamento defensivo, ele faz uma ou outra falta que às vezes nem precisa, mas pela não característica... mas ele está acrescentando isso, tá adicionando. E o Neymar, na parte técnica, eu não sei o que alguém pode ensinar pra ele. A gente tem que deixar, só melhorando na parte tática – eu acho que ele vai melhorar bastante agora na Europa, porque tem determinados jogos em que taticamente as equipes têm que se comportar de uma forma super correta senão não ganha o jogo, os exemplos estão aí: o Bayern de Munique, o Chelsea, a Inter de Milão. Alguns detalhes em alguns jogos o jogador tem que mudar sua característica pro bem da equipe. E ele tem essa qualidade de que ele vai acrescentando. Eu não sei se vão elegê-lo nesse ano melhor do mundo, não sei. Mas ele vai brigar entre os três, com o Cristiano, com o Messi, certíssimo que vai brigar. Uma briga boa.


ESTADÃO - Em 2005 quando o Brasil ganhou a Copa das Confederações com o Parreira, foi uma comoção também que o time jogou muito bem, deu um show, eu estava lá, vi de perto, em 2009, o Brasil muito muito bem também e conquistou e tanto o Parreira quanto o Dunga praticamente fecharam o grupo e não conseguiram sucesso na Copa do Mundo, e você, vai fechar esse grupo?
FELIPÃO -
Eles sabem e eu nunca escondi de ninguém de que eu queria que eles se comportassem como grupo, fizessem o melhor, que eu iria fazer as análises e veria o que pode acontecer para o futuro, mas eu não tenho um grupo fechado. Vou eu, o Murtosa e o Parreira observar muitos jogos do Brasil porque sempre surge um jogador. Do ano passado para cá, o Bernard surgiu e é um jogador interessantíssimo. Sempre surge um jogador, sempre surge alguém. Lá fora, nós temos uns cinco, seis nomes que têm muito boa qualidade e que por uma ou outra razão nós não podiamos convocar nesses amistosos e nem lá e nem aqui. Problema de amídala, problema de frio, uma série de detalhes e a gente agora vai observar e vai tentar convocar, já pensando no primeiro amistoso um ou outro jogador diferente e testar e observar, além de observar alguns jogos, para todo mundo ter a oportunidade e vão ter oportunidade sim. Agora depende de como eles se comportam nos clubes e também nos jogos que forem convocados.


ESTADÃO - Em 2002 você teve uma pedra que era o Romário e houve uma comoção forte pela convocação dele e agora a gente ouve muito sobre o Ronaldinho Gaúcho. Como é que você trabalha esse tipo de "pedido popular"?Eu vejo que é útil para o meu time. Pedido popular, em cada esquina que eu vou terá um pedido. Eu tenho que saber o que é bom para o meu time e ver se deixo alguma coisa que me é dita em qualquer lugar. Eu ouço normalmente, porque as vezes ouvindo algum nome, a gente reflete. Eu ouço, mas a escolha tem que ser feita por mim, afinal o presidente me colocou lá como técnico e sou eu quem tenho que escolher, ponto. Mas ouço e inclusive debato. A gente não tem uma ideia fixa. Eu tenho o Murtosa, o Parreira, tem o menino que trabalha na montagem de todos os jogos, que é muito inteligente e aí a gente discute. Para essa convocação, um jogador foi convocado de forma diferente do que a gente imaginava. Tem isso, tem isso e tem isso, mas meu Deus, falta alguma coisa. Vou apostar nesse. E era um jogador jovem sim que a gente trouxe que é o caso do Bernard. Vou apostar, porque é a oportunidade e é isso o que eu faço.

ESTADÃO - Vai um pouco de intuição?
FELIPÃO -
Vai, vai um pouco daquilo que a gente já viveu em futebol. No jogo do Mineirão, contra o Uruguai, entrou o Bernard, eu olhava e não sabia quem tirar. Tinha um aqui que eu tinha que tirar, mas não seria bom. Tiro o do meio? Não, não tá encaixando. Era aquela ideia do que vamos fazer. Vou ter que modificar alguma coisa. Tem que modificar, aí eu sentei no banco e perguntei, o que vocês acham? Aí falaram, eu ouvi, mas disse não, minha ideia é por o Bernard, "o que vocês acham?" - "Mas tu é o técnico, a decisão é tua, você quem tem saber o que quer, nós estamos aqui para te ajudar!". Entrou o Bernard mesmo e foi muito bem. Algumas vezes, a gente também erra feio, substitui e dá tudo errado.

ESTADÃO - Teve alguma coisa que te decepcionou nessa Copa das Confederações, algum jogador ou algum momento que não era o que você esperava e acabou acontecendo?Nada foi assim, decepcionante, a ponto de não mudar alguma coisa, mas sempre tem alguma ou outra situação que deixa a gente um pouco preocupado, chateado, mas aí são episódios em que muitas vezes envolvem comentários, dados estatísticos que não são aqueles que nós temos, são coisas mínimas que a gente depois vai passando os jogos e vai passando o tempo e na primeira semana já nem sabe do último, então poucas coisas nesse sentido. Do resto é que a gente tem algumas dificuldades. O povo, as pessoas que querem fazer alguma dificuldade de entrar lá dentro do hotel da seleção, fotos, elas têm que entender que a gente está ali fazendo um trabalho que não dá para ser assim e é isso que eu gostaria de pasar para o nossos torcedor no ano que vem. Não dá para atender todo mundo. São jornalistas com pedidos, são atrizes, atores, são políticos. Não dá. E aí a gente passa por ruim. Mas eu prefiro passar por ruim e depois ter comemoração que nós tivemos, do que atender certos pedidos. E isso é o pior de tudo.

ESTADÃO - Felipão, a gente agradece por este bate-papo aqui na TV Estadão.
FELIPÃO -
 Eu lembrei que eu vinha aqui, então trouxe uma camisa assinada pelo nosso grupo, não sei quantos assinaram mas devem ter uns 22 ou 23 aí. Não sei quem vai ficar mais satisfeito, se tem alguém que é são-paulino...

ESTADÃO - Está cheio de São-paulino aqui...
FELIPÃO -
Essa aqui é a camisa do Lucas.


ESTADÃO - Muito obrigado, a gente agradece o seu bate-papo e a sua presença no Grupo Estado e lhe deseja sorte neste um ano aí para a Copa do Mundo.
FELIPÃO -
Eu que fico feliz porque sempre que eu tenho vindo ao Estadão, sempre acontece uma coisa boa na minha vida, então, se puder, quem sabe antes do Mundial eu venho só dar uma passada e tomar um café, porque já que sempre acontece uma coisa boa...


ESTADÃO - Não posso deixar de fazer uma pergunta de um palmeirense colega nosso: quando você volta para o Palmeiras?
FELIPÃO -
Pois é, sabe que eu tenho muita gente na rua, quando eu passo ou em todos os lugares que eu tenho ido eu tebho sido recebido de uma forma muito agradável por toda a torcida do Palmeiras, como era antigamente e como continua sendo. Essa passagem pelo Palmeiras foi diferente da primeira mas o carinho que eu tenho, o amor que eu tenho e o amor por mim, parece-me que de 100 pessoas, 99 continuam tendo o mesmo relacionamento, então não sei, eu tenho torcido. Ainda anteontem falei com o Paulo Nobre sobre a contratação de um centroavante, como o Alan Kardec e que eu acho um bom jogador e que vai ajudar o Palmeiras e a gente tem sempre falado sobre uma coisa e outra porque o que eu desejo mesmo para o Palmeiras esse ano é a subida para a Série A e o ano que vem o estádio pronto, o grande passo estará sendo dado neste ano e no ano que vem. Pela amizade que eu tenho não sei quando eu volto, mas eu volto lá uma vez a cada 30 dias, 60 dias, de vez em quando eu estou ali, eu ligo para o Gilson e ele pede para gente passar, encontrar e bater papo, a amizade é boa e eu sempre disse que em São Paulo fui muito bem recebido pelo Palmeiras e não sei o dia de amanhã, não sei o que vai acontecer

Fonte:JT

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