A ordem é abordar “indivíduos em atitude suspeita, em especial os
de cor parda e negra”. Desde o dia 21 de dezembro, policiais militares
que atuam no bairro Taquaral, região nobre de Campinas (SP), estão
orientados a seguir as instruções assinadas pelo capitão Ubiratan de
Carvalho Góes Beneducci. A denúncia foi publicada na edição desta
quarta-feira, 23, do Diário de S. Paulo. O veículo publicou cópia do
documento e o posicionamento do Comando da PM, que nega o teor racista
da determinação. O caso repercutiu e virou pauta na mídia brasileira.
Segundo reportagem do jornal, assinada por Thaís Nunes, a ordem foi
motivada por uma carta de dois moradores; um deles foi vítima de roubo e
descreveu os criminosos daquela maneira. A ordem é agir, caso os
policiais vejam grupos de três a cinco pessoas, com idades de 18 a 25
anos. Em nota de esclarecimento, publicada na íntegra pelo Diário de S.
Paulo, o Comando da PM “lamenta que um grupo historicamente discriminado
pela sociedade (...) seja usado para fazer sensacionalismo”. A
corporação também elucida que a ordem atende aos pedidos feitos pela
comunidade local e afirma que esta situação foi explorada de forma
“irresponsável e fora de contextualização”.
A matéria cita que o diretor presidente da ONG Educafro, frei David
Santos, pretendia pedir esclarecimentos sobre o caso para o governador
Geraldo Alckmin (PSDB) e para o secretário de Segurança Pública,
Fernando Grella. O jornalista da Carta Capital, Marcelo Pellegrini,
conversou com o franciscano, que se disse assustado ao constatar a
existência de “casos de racismo dentro da polícia”.
O portal da Carta Capital reproduz a íntegra do documento assinado
pelo frei e enviado às autoridades. Ele quer saber se a orientação
também é dada a outros comandos e batalhões da PM. O franciscano se
apega à Lei da Transparência ao pedir a divulgação dos dados étnicos das
vítimas de abordagens policiais registradas como “resistência seguida
de morte”. Por sua vez, o secretário-adjunto de Segurança Pública,
Antonio Carlos Ponte, comprometeu-se a disponibilizar as informações até
o dia 15 de fevereiro.
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