Às 16h20 desta segunda-feira (29), a desembargadora Elisabeth
Carvalho do Nascimento proferiu o último e definitivo voto para a
cassação do mandato do deputado estadual João Henrique Caldas (PTN) por
abuso de poder econômico em eventos religiosos da Igreja Internacional
da Graça de Deus.
O julgamento da Ação de Impedimento de Mandato Eletivo
(AIME) foi retomado nesta tarde pelo pleno do Tribunal Regional
Eleitoral de Alagoas (TRE/AL).
JHC teve seu mandato cassado por 4 votos a 3. O voto de minerva de
Elisabeth acompanhou a decisão do relator do processo, desembargador
Antônio Bittencourt. A decisão, no entanto, só terá efeito após o
julgamento dos embargos de declaração - recursos jurídicos - que a
defesa do deputado venha a impetrar. Ainda assim, cabe recurso da
decisão ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O deputado foi acusado de organizar, promover e participar de eventos
com a presença do missionário RR Soares, nacionalmente famoso, e de ter
aproveitado a ocasião para fazer campanha política. O pedido de
impedimento de mandato foi feito por Linaldo Araújo, candidato a
deputado pelo PTN nas últimas eleições estaduais, e o julgamento da ação
teve início no último dia 9 de outubro.
“Ninguém cai de paraquedas em um evento dessa magnitude, como o que
foi feito pela Igreja Internacional da Graça de Deus”, disse a
desembargadora acatando as provas do processo. Em seu voto, Elisabeth
Carvalho disse que fica claro que, para que JHC e seu pai – o deputado
federal João Caldas – participassem de eventos religiosos, se fizeram
necessárias reuniões, acordos e tratativas prévias.
A desembargadora, que não poupou críticas à igreja evangélica,
afirmou estar estarrecida com a quantidade de rádios que pertencem à
família Caldas. Essas rádios, segundo a desembargadora, transmitiam em
sua programação as palavras de pastores como RR Soares.
João Henrique Caldas não acompanhou o julgamento no plenário – ele
ficou em casa, segundo informações de bastidores, mas familiares e
assessores do deputado assistiram o julgamento na primeira fileira e
chegaram a se mostrar irritados com a demora na conclusão do voto da
desembargadora. Entre eles, a mãe de JHC, Eudócia Caldas, que também é
política.
Na sessão do dia 9 de outubro, o relator do processo, o desembargador
Antônio Bittencourt, votou pela perda do mandato de JHC. Segundo ele,
ficou comprovado o abuso de poder diante do público evangélico que
participou do evento, no momento em que o missionário RR Soares pediu
apoio e “ajuda” para JHC.
O presidente do TRE, Orlando Manso, não participou das sessões de
julgamento, já que o principal beneficiário com a perda de mandato de
JHC é o cunhado do desembargador, o suplente de deputado Arnon Amélio.
“Queriam fazer os membros do TRE de babacas”, disse desembargadora
Durante a maior parte de seu voto, a desembargadora Elisabeth
Carvalho se dedicou a discorrer sobre valores de aluguel de som e outros
custos relativos a organizações de eventos, além do funcionamento do
sistema de doações a igrejas evangélicas. “Ninguém venha querer me
ludibriar com esses valores tão baixos de aluguel de serviços de som. É
querer fazer os membros do TRE de babacas. Acostumados a enganar pessoas
que, por carência, recorrem a templos e dão tudo o que têm a eles,
acham que nós vamos cair na mesma armadilha”, disparou.
Elisabeth afirmou que foram constatadas fraudes nas prestações de
contas da Igreja Internacional da Graça de Deus, que tem filial em
Alagoas. Segundo ela, há transações em que o depositante é o favorecido –
Mateus Neves de Morais. "Isso é tão absurdo que merece investigação
policial e cadeia para o RR Soares por tentar fraudar a Justiça",
afirmou.
Segundo a desembargadora, fica evidente que os serviços prestados
para os eventos religiosos - como locação de som e de grandes palcos -
não foram pagos pela igreja. "Se supõe que alguém pagou por esses
eventos", disse.
"É uma pena, porque é um rapaz jovem [JHC]. Mas a gravidade é maior
por se tratar de RR soares, que tem a confiança das pessoas", enfatizou a
desembargadora. "Mas peço que as pessoas não confundam a conduta de JHC
na Assembleia Legislativa, onde faz oposição à Assembleia, com o
julgamento desta ação".
Fonte: Facebook
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